Reforma Protestante - 496 anos
Um marco histórico contra a manipulação da igreja católica
A Reforma Protestante completa neste ano (2013) exatamente 496 anos
desde o seu início, no século XVI. A data é uma alusão ao dia da
divulgação das 95 teses de Martinho Lutero fixadas na porta do Castelo
de Wittenberg em 31 de outubro de 1517 contra as práticas antibíblicas
da igreja católica.
A Reforma trouxe muitas mudanças que refletiram fortemente no aspecto
político, social e intelectual. Mas seu principal efeito foi no aspecto
religioso. Afinal. Por longos séculos o único interesse da igreja
católica era o poder, e quanto mais recursos possuía, mais poder
obteria.
Muito antes do século XV a filosofia de extorquir os fiéis na compra da
salvação entre outras práticas, com o tempo foram sendo esclarecidas
pela interpretação correta da Bíblia. Naquela época poucas pessoas
tinham acesso às Escrituras e assim o clero fazia o que bem entendia com
as doutrinas de Cristo. Afinal tudo era feito em latim, língua que o
povo comum não dominava. Boa parte da doutrina era ministrada com muita
manipulação, com fins de obter vantagens para aumentar, sobretudo o
patrimônio da igreja católica e de tabela o poder político do papa.
Os precursores da Reforma
Bem antes de Lutero já havia um forte desejo de mudança por parte de
muitos fiéis. Em 1175 a base reformista defendida por muitos era bem
próxima com a que Lutero anos mais tarde defenderia. A diferença é que
Lutero a defendeu de forma mais embasada. A título de exemplo temos
Pedro Valdo, um rico comerciante de Lyon, no sul da França que se
converteu ao cristianismo. Valdo após abandonar a carreira de
comerciante tornou-se um pregador leigo. Sua pregação era bem simples,
mas suficiente para reunir muitas pessoas em casas, ruas e grutas. Os
seguidores de Valdo foram chamados de valdenses. Todos esperavam que a
igreja católica valorizasse a simplicidade, e jamais pensaram em
abandoná-la. Valdo e seus seguidores ansiavam por um culto simples, sem
luxo, e uma igreja sem bens e um papa sem poderes sobre os assuntos
temporais. Algo impossível? Lamentavelmente sim. Então os valdenses
foram perseguidos impiedosamente pela igreja católica.
Outros personagens que são considerados precursores da Reforma são John
Wycliffe, John Huss e Jerônimo Savanarola. No século XV suas idéias
contra a autoridade papal ganharam bastante força em países importantes
da Europa. O caminho da Reforma estava sendo assim preparado para
impactar o mundo.
Um fato que muito contribuiu para a Reforma foi um maior acesso da
população às Escrituras. Muitos intelectuais da época se interessaram em
traduzir porções da bíblia ou mesmo a Bíblia completa para que todos
conhecessem o verdadeiro plano de Deus para a salvação do homem a qual
inicia com a salvação exclusivamente pela fé no sacrifício de Cristo por
nossos pecados.
Quando Lutero começou a ler a Bíblia e perceber os desvios da igreja
católica não pensava em romper com a mesma, mas em seu íntimo condenava
muitas práticas do clero. Suas tentativas de fazer uma reforma à base de
sua influencia foram totalmente frustradas. Então Lutero decidiu
denunciar publicamente os erros da igreja católica bem como o abuso da
autoridade papal.
Para o reformador ficou claro que o distanciamento da Igreja Católica da
simplicidade da igreja primitiva explicava toda a corrupção que a mesma
estava envolvida, a começar pelos líderes, onde a pessoa do papa
inexiste na igreja primitiva. O outro fato importante que serviu de base
para a Reforma Protestante foi a autoridade da Bíblia a qual estava
solapada pelos dogmas criados dentro da igreja católica.
Lutero argumentava biblicamente que a Bíblia deve governar a igreja, e
não o inverso. Todo o escopo da Reforma Protestante pode ser
compreendido através dos 5 Solas da Reforma: Solus Christus – Somente
Cristo; Sola Gratia – somente pela graça; Sola Fide – Somente pela fé;
Sola Scriptura – Somente as Escrituras; Soli deo Gloria – Tudo para a
glória de Deus. Para os reformadores o distanciamento destes pontos
explicam a corrupção da igreja ao longo dos séculos, inclusive
perseguindo em nome de Cristo aqueles que discordavam de suas
interpretações.
A Reforma Protestante
também contribui muito para a liberdade de expressão. De fato, qualquer
pessoa poderia ler a bíblia e compreendê-la independente da
interpretação do clero. Em outras palavras: com a bíblia já traduzida,
todos poderiam lê-la e conferir se o ensino que estavam recebendo estava
de acordo ou não com a verdade escrita. Posteriormente, em 1546 a
igreja Católica reagiu através do concílio de Trento aprovando a
inclusão dos livros apócrifos no Cânon Sagrado. Estes livros contem a
base de muitas doutrinas romanistas como a o purgatório, oração pelos
mortos, salvação pelas obras, etc. Desde então ficou estabelecido
claramente a diferença entre a bíblia católica e a Bíblia Evangélica.
Lutero também não tinha em mente fazer uma reforma política, mas a
interpretação bíblica sobre as autoridades constituídas por Deus fez com
que o reformador ganhasse a simpatia de muitos reis e príncipes. Tudo
começou quando Lutero questionou pela Bíblia a autoridade papal provando
que somente o rei tinha a proteção de Deus e o direito de político de
comandar um país e não a igreja. Usando a Bíblia Lutero argumentava que a
esfera da igreja é exclusivamente espiritual e, portanto deveria cuidar
somente de seus fieis através de um ensino bíblico sadio. A igreja não
deveria interferir no governo político, como sempre fez o clero em todo o
mundo ao longo dos séculos.
A base da Reforma Protestante, os cinco solas, são ainda atuais,
porque se baseiam na verdade eterna das Escrituras. Estes fundamentos
devem nos levar novamente a analisar se realmente estamos sendo fiéis à
verdade do evangelho ou simplesmente estamos envolvidos em muita
religiosidade falsa